Romancista de sucesso na primeira década do século XX, crítico de costumes da alta sociedade, Théo-Filho foi também o cronista que mais escreveu sobre praias de banho no Rio de Janeiro. À frente da redação do jornal “Beira-Mar”, sediado em Copacabana, acompanhou a grande inflexão praiana ocorrida a partir da introdução dos banhos de sol. Foi autor de “Praia de Ipanema” (1927) e “Ao sol de Copacabana” (1948). Ainda que sua obra (com exceção da crônica) esteja ultrapassada, Théo-Filho tem interesse para a pesquisa historiográfica nas áreas de estudos do lazer e do corpo. Publiquei neste blogue os textos do “Intelectual da Praia” entre 2010 e 2011 e, em seguida, passei a postar imagens colhidas no semanário praiano.



sexta-feira, 8 de julho de 2016

"Cidade Maravilhosa"

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"É a canção que corre, de boca em boca, num verdadeiro entusiasmo, afirmando que a cidade é mesmo maravilhosa. Tudo é cor, tudo é movimento, nesse ressurgimento de verdadeiro dinamismo, atordoando os utópicos, os pessimistas, os inimigos do Brasil. Não pode haver comunismo onde a terra é boa e o espírito democrático domina, num transbordamento excessivo. Os jornais anunciam diariamente festas de beneficência... O sr. Pedro Ernesto constrói albergues para os que não têm pão e cama; escolas para os filhos do pobre; hospitais para os infelizes, e tudo o mais pela felicidade dos brasileiros. As praias são maravilhosas, cheias de bom humor, onde ficam pobres e ricos. A Mme. Getúlio Vargas distribui brinquedos e roupas às crianças bem pobres. (...)". Este texto, de Mário do Amaral, membro do Cenáculo Fluminense de História e Letras, é sugestivo do clima em que vivia a cidade algumas semanas após a tentativa de golpe comunista, conhecida como a "Intentona". Tanto comunistas como católicos parece que concordavam com a oposição entre comunismo e assistência social... Dois meses depois o prefeito Pedro Ernesto seria preso sob a acusação de ser comunista... 11 de janeiro de 1936, p. 10. (Acervo Fundação Biblioteca Nacional).